Terapia Manual 16 - julho - 2011 Terapia Manual11 comentários

 

Prezado(a) Colega,

 

O Grupo Terapia Manual, por meio de seu blog, disponibiliza um espaço para discutirmos temas relevantes relacionados às questões administrativas direcionadas à realidade da fisioterapia brasileira, com foco na fisioterapia  musculoesquelética.

O ciclo de discussão começará com marketing em fisioterapia e será composto de quatro etapas:

 

  1. Conceitos Gerais;
  2. Mercado de Fisioterapia;
  3. Composto Mercadológico;
  4. Clientes.

Cada etapa poderá ter mais de uma publicação. Ao final de cada publicação um estudo de caso ou questões de relevância prática serão apresentados para discussão. Aproximadamente a cada duas semanas uma nova publicação será feita no blog.

Participe e ajude-nos a gerar conhecimento!

 

Atenciosamente,

 

Dany Luis Jorge

Fisioterapeuta

MBA em Gestão Empresarial – FGV

Mestre Fisiologia Humana – UNICAMP

Diretor de Marketing da ABRAFIMM

Diretor da Promind – cursos e eventos

 

 

MARKETING EM FISIOTERAPIA

Conceitos Gerais – Publicação I

O mercado de fisioterapia no Brasil tem sido bastante hostil para os profissionais que persistem em não planejar de forma estratégica sua atuação no mercado. Além de bom conhecimento clínico e científico, é imprescindível que o fisioterapeuta saiba identificar as oportunidades de mercado, buscando suprir as expectativas e necessidades dos seus clientes com o oferecimento  serviços de alta qualidade.

A valorização do profissional e o seu reconhecimento perante a sociedade são partes de um processo de desenvolvimento que exige uma análise mercadológica contínua e o  marketing tem papel fundamental.

Primeiramente, deve-se compreender que marketing e propaganda não são sinônimos. A propaganda é uma dentre várias ferramentas de comunicação com o mercado e faz parte do planejamento de marketing. A propaganda será oportunamente abordada quando tratarmos do composto mercadológico.

A American Marketing Association (AMA) define marketing como uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado (AMA, 2004).

As necessidades são carências percebidas inerentes ao ser humano e não podem ser criadas pelo marketing, tais como: saúde, alimentação, abrigo, segurança, etc. Já os desejos são os objetivos que visam satisfazer essas necessidades e são influenciados pela cultura e características individuais. Quando esses desejos podem ser comprados, tornam-se demandas (FIGURA 1).

Um paciente com dor lombar tem a necessidade de restabelecer sua saúde para que sua vida continue de forma harmoniosa. Há pacientes que desejam tomar  medicamentos para aliviar os sintomas, enquanto outros procuram o fisioterapeuta para resolver o seu problema por meio de um tratamento mais funcional e conservador. Uma vez que o paciente tem acesso e pode pagar por esses tratamentos é gerada a demanda.

Espera-se que com o oferecimento de um serviço de fisioterapia seja entregue ao cliente valor e qualidade. Entende-se por qualidade não somente a ausência de defeitos, mas a capacidade do que está sendo oferecido em satisfazer ou encantar quem está recebendo.

Uma vez que o cliente percebe no serviço ofertado qualidade, valor e a resposta para suas necessidades, é estimulada uma transação comercial (troca de valores entre duas pessoas). Quando mais pessoas começam a se interessar por esse serviço é então constituído um mercado, o qual pode ser definido como um grupo de compradores reais ou potenciais.

 

 

 

FIGURA 1 – Conceitos centrais do marketing. Adaptado de Kotller, 2011.

Considerando-se os conceitos até o momento apresentados, até que ponto o atendimento massificado de pacientes por convênios não vai contra uma sistemática mercadológica de geração de valor para o cliente e, por consequência, gera uma desvalorização do profissional perante a sociedade?

 

Posts relacionados

Ative o Wp-posts relacionados plugin para ver a lista de post relacionados!

11 Comentários

Carlos Macedo

20 de julho de 2011

Colega. Acho de extrema importância esta discussão. Estou me formando em fisioterapia mas larguei uma carreira de marketing (nivel tecnico) e enxergo as coisas de uma maneira que a maioria dos fisios nao ve hoje. Como vc disse eh uma prestacao de servico e deve ser feita com qualidade. A massificacao do antedimento certamente eh um grande problema hj mas penso o qto isso eh pela falta de compreensao do fisio sobre marketing ou de um sistema antiquado de saude no Brasil que tanto a classe medica quanto a populacao, acredita que o que eh bom para dor lombar como exemplo eh medicacao e cirurgia….temos que reeducar o fisio para saber fazer prestação de serviços, mas temos que reeducar também a população, a medicina e nossos dirigentes a entender que o que nos fazemos eh muito bom para a saúde….Um abraco…

Dany Luis Jorge

26 de julho de 2011

Carlos! Seria muito bom se todos os formandos em fisioterapia tivessem um visão como a sua antes de encarar o mercado de trabalho. Quando falamos de serviços a primeira palavra que devemos pensar é QUALIDADE. Oferecer qualidade desde a concepção até a oferta de um serviço de fisioterapia é uma obrigação do profissional que pretende se destacar no mercado e ser competitivo. No processo de concepção de um serviço de fisioterapia a formação é um fator decisivo. Em momento oportuno abordaremos a formação do profissional. O que posso adiantar é que o embasamento clinico-científico é o único caminho para o fisioterapeuta que quer ser respeitado e valorizado pela sociedade e por outros profissionais de saúde! Abraços!

priscila

26 de julho de 2011

O convênio não precisa ser deletério para a Fisioterapia, ou para o cliente, se o gestor da clínica possuir uma equipe bem treinada e atualizada cientificamente. O fisioterapeuta pode oferecer ao seu cliente técnicas alternativas, ou complementares mais modernas de intervenção que não sejam cobertas pelo plano. O convênio pode ser uma ferramenta de captação de clientes. Além disso, donos de clínica precisam pressionar os gestores de planos de saúde e convênio a uma melhor remuneração.

Dany Luis Jorge

27 de julho de 2011

Olá Priscila, bom dia!

Atender fisioterapia por convênio não agrega valor à profissão. Com raras exceções, clínicas que atendem por convênio não conseguem oferecer um trabalho diferenciado e personalizado aos seus clientes. E isso é matemático. Em um estudo que tenho realizado aqui em Curitiba, os convênio que mais geram volume de pacientes são: UNIMED e AMIL. Os procedimentos mais utilizados pagam em média R$ 8,00 bruto. Vamos dizer que o dono da clínica pague 30% deste valor como comissão para o fisioterapeuta: R$ 2,40. Impostos para uma clínica por lucro presumido com ISS de 5% (Curitiba), 16,33%, o que dá R$ 1,30. Esses custos são variáveis e vamos assumir que somente existam eles (A unimed por exemplo cobra taxa administrativa sobre cada atendimento). Com isso temos: R$8,00 – R$ 2,40 – R$ 1,30 = R$ 4,30 (o que sobra por atendimento para cobrir custos fixos e gerar lucro). Se o dono da clínica tiver 4 mil reais de custo fixo serão necessários 930 atendimentos só para cobrir custos fixos e se ele desejar ter um lucro de 3 mil reais, serão necessários mais 698 atendimentos. Ou seja, como oferecer qualidade ao cliente com uma média de atendimento de aproximadamente 70 pacientes por dia? Mais do que isso, qual será a percepção de qualidade do cliente nessa situação? A percepção de valor no serviço?
Um outro ponto importante que você tocou é quanto ao fato do convênio ser uma ferramenta de captação de novos clientes. Pensando dessa forma o convênio é um ferramente muito cara de captação, pois para dar conta da demanda gerada pelo convênio é necessário uma estrutura muito cara. Segundo a TARP, maior empresa de pesquisa em marketing do mundo, 70% dos novos clientes na área de serviços são originários de indicação de clientes satisfeitos. O convênio pode até lhe trazer novos clientes, mas será que com o modelo massificado de atendimento ele ficará satisfeito e indicará outros clientes? Além disso, por mais que os convênios sejam pressionados a aumentar as tabelas e, hipoteticamente, oferecessem 100% de aumento, o valor ainda seria muito baixo. Honestamente, não acho que uma empresa decidirá por aumentar em 100% seu custo com fisioterapia de uma hora para a outra. É muito caro!

Priscila

1 de agosto de 2011

Oi, Dany

Eu vi duas clínicas no Rio que usavam o plano de saúde como ferramenta e todos os profissionais envolvidos ganhavam bem. As duas ficavam em bairros nobres da cidade. A primeira era pequena com o consultório médico e uma sala para fisioterapia com apenas 3 macas, 1 US, 1 Tens, aparelhos para a cinesioterapia. Um médico, um fisioterapeuta (eram 3) por turno e dois estagiários. Os pacientes chegavam por indicação ou pelo convênio para o médico, quase 100% indicados para a fisioterapia, os que precisavam de intervenção cirúrgica, eram aconselhados pelo médico a realizarem o pós-operatório com os fisioterapeutas da clínica e o pagamento era particular diretamente para o fisioterapeuta, numa segunda fase realizavam o tratamento pelo convênio na clínica. Os fisioterapeutas tinham vínculo empregatício e qdo saí estavam planejando sair desse regime para formar uma cooperativa. Os fisioterapeutas eram especialistas em traumato-ortopedia e aplicavam terapias manipulativas. Os pacientes eram agendados de 30 a 30min.

Outro caso que vi foi uma empresa de fisioterapia na qual os fisioterapetas tinham carteira assinada com o piso e ganhavam comissão por tratamentos que o plano não cobria. Por exemplo acupuntura. O paciente fazia us e cinesioterapia e se fosse o caso pagaria a parte pela acupuntura.
Foram dois casos que os profissionais conseguiram driblar a massificação do plano.

Dany Luis Jorge

2 de agosto de 2011

Olá Priscila, como vai?

É muito difícil eu dizer algo sobre essas duas clínicas sem realmente conhecer a dinâmica gerencial e, principalmente, sem fazer um “diagnóstico financeiro” para realmente poder opinar de forma fundamentada. Porém, alguns pontos chamaram minha atenção para o que você apresentou. Se essas clínicas estão em bairros nobres o público alvo dela deve ser um público que financeiramente pode pagar por serviços especializados de qualidade. Assumir uma estrutura de alto custo e bem localizada para atender um público que não pode pagar por fisioterapia particular, não faz muito sentido. Porém, você coloca que os pacientes começam pagando particular e depois migram para convênio. Por que não manter todo o tratamento como particular? Um outro ponto que considero interessantes é o fato de você ter dito que os paciente são captados em parte para fisioterapia por meio dos convênios e que a partir desse primeiro contato começam a pagar por outros serviços, por exemplo, acupuntura. Será que não é um preço muito alto e injusto para fisioterapia pagar em benefício de outros procedimentos? Não seria melhor estimular novas formas de captação do cliente e cobrar valores justos pelo serviço de fisioterapia? Honestamente, a fisioterapia manipulativa e musculoesquelética pode oferecer muito mais resultados e funcionalidade ao paciente do que a acupuntura, por exemplo.
De uma certa forma os profissionais em questão driblaram a massificação dos planos, pelo fato de todos oferecerem serviços especializados e personalizados a todo e qualquer cliente. Isso é ótimo e é uma obrigação do profissional. Entretanto, não conheço profissional que ao final do dia esteja satisfeito em ganhar R$ 3 a R$ 7 por atendimento realizado. Quando nós abordarmos as questões referentes a público alvo, veremos que os convênios não permitem essa diferenciação, o que gera um grande custo de oportunidade! Abraços!!

Giulianne

4 de agosto de 2011

Oi Dany
Não sei se é pertinente, mas se vc puder incluir comentários sobre softwares usados pelos fisios …tenho visto alguns (fisiooffice, theraoffice) e gostaria de saber mais..Obrigada..

Dany Luis Jorge

5 de agosto de 2011

Olá Giulianne, boa tarde!
Eu não trabalho com softwares de gestão na área de fisioterapia. Para planilhas financeiras eu utilizo o excel mesmo. Para o gerenciamento de relacionamento com clientes o CRM (Custumer Relationship Managemente). Existem um série de produtos para gestão no mercado. Vou fazer uma pesquisa sobre os softwares citados por você. Podemos criar ao longo do tempo um tópico sobre ferramentas de gestão. Fica a dica!!

Celso Bognotin - MODERADOR

5 de agosto de 2011

Obrigado a todos pelas postagens estão de excelente qualidade. A saber vale lembrar que não é permitido a divulgação de produtos e serviços neste blog que configure benefício comercial ao postador ou a empresas que os ofertam.

Celso – MODERADOR

Priscila

10 de agosto de 2011

Oi, Dany

Apesar de estarem numa localização privilegiada a estrutura interna era a mais simples possível e o quadro de funcionários era enxuto.
A primeira clínica. Fechou as portas, o médico ficou conhecido, suspendeu os convênios, hoje sua consulta gira em torno de R$ 400,00. Não sei mais dos fisioterapeutas. Mas eles na época tb tinham seus consultórios particulares e um deles havia ingressado no serviço público.
A segunda clínica, os fisioterapeutas têm uma empresa e abriram outras clinicas só com atendimentos particulares.
No meu entendimento eles começaram a ganhar popularidade pelo volume de atendimentos nos convênios, conseguiram experiência e indicações para os pacientes que não tinham convênio ou tempo para ir até a clínica conveniada.
Concordo com você que a fisioterapia paga muito alto por isso. Houve uma invasão de outras áreas por nossa falta de iniciativa e competência, mas acho que isso está se revertendo.

Pedro Simao

5 de setembro de 2012

Valor e qualidade! Como personal trainer optei por abandonar a carreira em academias para empreender, pois o nosso mercado apresenta as mesmas condições que o da fisioterapia – depreciação, desvalorizaçao profissional, péssima remuneração e geração de resultados insatisfatórios para os clientes. Empreender é a palavra. E para isto é preciso formação em gestão, além da capacidade técnica em si. Acho que o caminho é este! Comecemos como pequenos empresários mas oferecendo serviços de qualidade… O mercado urge por qualidade! E o modelo de saúde centralizado na figura do médico já não dá conta mais das necessidades da sociedade. Ótima discussão!

Deixe uma resposta

Seu Nome: (Obrigatório)

Seu e-mail: (não será publicado) (Obrigatório)

Seu Website:

Sua Mensagem:

Enviar Comentário